Tomás Bessa arrasa Penina
Tomás Bessa continuou a sua história de amor com o Penina Hotel & Golf Resort, em Portimão, e iniciou o ano de 2019 da melhor maneira, ao ganhar o 2.º Penina Classic, o torneio de 10 mil euros em prémios monetários, que inaugurou o 3.º Swing do Portugal Pro Golf Tour de 2018/2019.
“O Penina é um campo onde já obtive bons resultados como amador, embora nunca tivesse ganho lá anteriormente. É um campo que conheço bem, por ser um dos mais jogados no Portugal Pro Golf Tour e o meu tipo de jogo adequa-se bem àquilo que são as exigências do campo. Sendo o campo da minha primeira vitória como profissional torna-o ainda mais especial”.
Nessa altura somou 137 pancadas, 9 abaixo do Par do Sir Henry Cotton Championship Course, com voltas de 67 e 70, mas desta feita fez ainda melhor, cortando 4 pancadas, apresentando um resultado de 133 (66+67), -13.
Uma proeza ainda mais apreciável por não se tratar de um torneio do circuito profissional português, restrito a sócios da PGA de Portugal, mas a um evento de um circuito internacional, que contou com alguns jogadores que militam no Challenge Tour, a segunda divisão europeia.
Tomás Bessa, profissional há menos de dois anos, embolsou dois mil euros de prémio, um valor importante para poder investir na sua carreira que este ano irá dar um passo em frente, pois conseguiu estatuto para poder jogar em alguns torneios do Alps Tour, uma das terceiras divisões europeias. E, como é óbvio, os patrocínios não abundam, destacando-se entre as exceções uma boa ajuda da Cigala.
Neste primeiro mês do ano irá ainda atuar no Portugal Pro Golf Tour para ganhar rodagem e quem sabe se não poderá lutar por mais um título, dado que este circuito regressa ao Penina nos dias 14 e 15.
“Sinto-me confortável neste campo porque o layout da maioria dos buracos enquadra-se bem com o meu voo de bola natural. É um campo que, na minha opinião, exige bons tee shots, o que coincide também com a parte que eu considero mais forte no meu jogo. O campo estava em condições excelentes. Provavelmente as melhores que alguma vez apanhei aqui. Greens muito bons a rolar bem e mais duros do que o costume, penso que devido ao sol e ao frio sentido na manhã. Os tees e fairways também impecáveis. Queria felicitar a equipa de manutenção do Penina por isso”, declarou agora o jogador de Paredes, depois de averbar o segundo título profissional da sua carreira.
Fazer 16 birdies e 1 eagle em apenas 36 buracos e deixar o 2.º classificado, o inglês Dan Smith (70+67), a 4 pancadas, e o 3.º, o português Tomás Melo Gouveia (69+70), a 6 shots, não é para qualquer um.
Para mais, um e o Sir Henry Cotton Championship Course não é propriamente fácil e já teve honras de acolher o Open de Portugal do European Tour, mas o “Brooks Koepka português” tem vindo a progredir a olhos vistos.
Quando a época de 2018/2019 do Portugal Pro Golf Tour começou em novembro Tomás Bessa deu logo indicações que algo estava a mudar, com um 6.º lugar no 1.º Palmares Classic, seguido de um 16.º posto no 1.º Penina Classic. Depois disso passou à vontade a Primeira Fase da Escola de Qualificação do Alps Tour e nem a pausa da quadra natalícia travou o seu sentido ascendente.
“Começar o ano a ganhar é uma sensação fantástica. Vou trabalhar para conseguir alcançar os meus objetivos”, enfatizou-nos o jogador que enquanto amador deslumbrou no Club de Golf de Miramar pela sua potência desmesurada.
Aliás, a sua comparação com o ex-n.º1 mundial Brooks Koepka vem exatamente pela compleição física impressionante, quase de culturista, e pela potência de drive, sendo muito provavelmente um dos dois portugueses que dispara a bola mais longe, juntamente com André Medeiros.
Aos 22 anos estava na altura de dar um salto em frente e Pedro Lima Pinto, o empresário que decidiu gerir a sua carreira, conta que “há dez meses que o Tomás trabalha com um novo treinador, o Steve Bainbridge”. Para além disso, converteu-se a um regime nutricionista – até nisto faz lembrar Koepka, que viaja com um cozinheiro –, embora o português tenha “virado vegan”.
“Perdeu quatro quilos, ganhou elasticidade e não perdeu potência de jogo”, assegura Pedro Lima Pinto, da GreatGolf.
Steve Bainbridge é um inglês que dirige a Elite Golf Academy no Reino Unido e em Portugal colabora na Academia de Performance de Golf do Cascade Wellness & Lifestyle Resort, em Lagos. E há um ano que trabalha também com João Carlota, outro profissional português em nítido progresso, como se viu quando foi 3.º no Obidos International Open do Alps Tour, entre outros resultados de relevo.
“Sinto que o meu jogo está a evoluir, não só a nível técnico, mas também a nível mental e estratégico”, especificou Tomás Bessa, irmão da nova campeã nacional, Leonor Bessa.
Tomás foi sempre considerado um diamante bruto por lapidar e saber gerir a sua potência e os seus instintos por vezes demasiado agressivos era essencial para a sua evolução. Steve Bainbridge poderá ser capaz de dar-lhe essa estabilidade? O tempo dirá, mas os primeiros sinais são promissores.
De acordo com o site especializado “GolfTattoo”, Tomás Bessa irá estrear-se no Alps Tour de 2019 “no Egito, onde irá competir em busca de uma classificação na respetiva ordem de mérito que lhe dê o acesso ao Challenge Tour”. O top-5 no final do ano subirá à segunda divisão europeia.
O 2.º Penina Classic contou com 16 portugueses entre 46 participantes e mais dois lograram terminar no top-10 – o já referido Tomás Melo Gouveia em 3.º e Miguel Gaspar em 8.º.
O torneio serviu ainda para a estreia de Francisco Oliveira como profissional. O algarvio licenciou-se e brilhou nos Estados Unidos, onde jogou pelos SkyHawks da Point University. Decidiu então encerrar a sua carreira amadora e passou a “pro”, terminando este torneio no 31.º lugar.
Os resultados de todos os portugueses foram os seguintes:
1.º Tomás Bessa, 133 pancadas (66+67), -13, €2000
3.º Tomás Melo Gouveia, 139 (69+70), -7, €1000
8.º (empatado) Miguel Gaspar, 143 (73+70), -3, €450
11.º (empatado) João Carlota, 144 (72+72), -2, €362,5
15.º (empatado) João Magalhães, 145 (72+73),-1, amador
19.º (empatado) Vítor Lopes, 147 (74+73), +1
21.º (empatado) Hugo Santos, 148 (78+70), +2
21.º (empatado) António Sobrinho, 148 (74+74), +2
25.º Tiago Cruz, 150 (73+77), +4
26.º (empatado) João Ramos, 151 (76+75), +5
29.º (empatado) Pedro Almeida, 153 (75+78), +7
31.º (empatado) Francisco Oliveira, 154 (79+75), +8
38.º (empatado) João Pinto Basto, 160 (82+78), +14, amador
40.º (empatado) Alexandre Abreu, 162 (80+82), +16
43.º Francisco Ataíde, 168 (88+80), +22, amador
Salvador Costa Macedo, 77, amador (só jogou uma volta)
Entretanto, o Portugal Pro Golf Tour divulgou uma informação importante. De 14 a 17 de março, no Troia Golf Resort (outro campo que acolheu o Open de Portugal), irá decorrer a prova de encerramento deste circuito, com um prémio monetário digno de um torneio do Alps Tour – 25 mil euros, com 5 mil dos quais para o campeão.
Aliciante, sem dúvida, mas mais importante ainda é ter-se chegado a acordo com o Challenge Tour para oferecer nessa prova cinco convites para torneios na segunda divisão europeia em 2019.
José Correia, promotor deste circuito internacional português, esclareceu que “o torneio será aberto a membros do PPGT, contudo, apenas o top-50 do ranking será elegível para competir pelos cinco convites para o Challenge Tour e este PPGT Tour Championship estará limitado a 75 jogadores”.
Tomás Bessa, apesar de nessa altura já estar a competir num circuito de cotação superior, mostrou-se seriamente interessado na prova: “se não coincidir com o Alps Tour vou jogar o torneio.”
Autor: Hugo Ribeiro / Tee Times Golf para Record