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RICARDO GOUVEIA COM NOVO TREINADOR AINDA NÃO DESISTIU DO BRITISH OPEN

RICARDO GOUVEIA COM NOVO TREINADOR AINDA NÃO DESISTIU DO BRITISH OPEN

Ricardo Melo Gouveia colocou esta semana um ponto final numa série negativa de quatro torneios seguidos a falhar o cut no European Tour, reencontrou o swing dos seus tempos áureos com um novo treinador, embolsou o seu mais elevado prémio monetário da temporada no Open de França e ainda ganhou ânimo para tentar o British Open, o penúltimo Major de 2018.

Vamos por partes, o HNA Open de France, que terminou neste Domingo, nos arredores de Paris, é um dos mais importantes torneios do European Tour, a primeira divisão do golfe europeu.
Distribuiu 6,3 milhões de euros em prémios monetários, integrou a milionária Série Rolex – atribuindo, por isso, muito mais pontos para a Corrida para o Dubai e para o ranking mundial – e este ano ganhou ainda uma importância suplementar por o percurso Albatros do Le Golf National ser o campo que irá acolher a Ryder Cup.

Alguns craques do golfe mundial jogaram o torneio este ano só a pensar em conhecerem melhor o campo, tendo em vista a Ryder Cup, de 28 a 30 de setembro, na semana posterior ao Portugal Masters.

Ricardo Melo Gouveia foi o único português a entrar na lista de 159 participantes e a qualidade da concorrência, que incluía três jogadores do top-10 mundial, fazia com que as perspetivas não fossem as melhores para o jogador português que vinha da tal série de quatro cuts falhados.

«O meu jogo comprido esteve bastante mal na Alemanha e estava sem confiança nenhuma», admitiu à Tee Times Golf, referindo-se ao BMW International Open, o torneio da semana anterior, onde foi 123.º (+9), a sua terceira pior classificação do ano, em 16 torneios disputados.

Mas o Open de França, o mais antigo torneio de golfe da Europa Continental (102 edições), parece fazer renascer Ricardo Melo Gouveia, o que é curioso, dado o Albatros ser considerado um campo muito difícil.

O certo é que em três anos no European Tour, o jogador do Team Portugal nunca falhou o cut. Foi 16.º (a Par) em 2016 na sua estreia, 38.º (+2) em 2017 e agora 31.º (+1) em 2018, empatado com outros cinco jogadores.

«Sinto-me bem no campo», corroborou, apesar de ter notado algumas diferenças em relação aos anos anteriores, fruto da preparação especial que está a sofrer para a Ryder Cup: «o rough estava mais difícil, deixaram crescer a erva que está ao lado do rough principal e os fairways estavam mais estreitos. Os greens não estavam nas condições ideais, algo irregulares e um bocadinho lentos, mas o resto do campo estava bom».

O atleta olímpico luso não se limitou, contudo, a confiar nas boas memórias do Le Golf National para dar um pontapé na crise que o preocupava e mal regressou da Alemanha, na sua residência em Londres, estabeleceu um plano para inverter a tendência negativa.

«Voltei a Londres na sexta-feira e estive a trabalhar durante o fim de semana com o meu (novo) treinador, o Hugh Marr (o primeiro profissional britânico a conseguir a credencial de ‘TrackMan Master’). Percebemos que tínhamos de alterar um bocadinho a minha técnica e de tentar voltar ao swing que eu tinha em 2015 e 2016. Ganhei mais alguma confiança nesses treinos», disse.

Já em França, os progressos continuaram: «Os dias de preparação correram-me bem e comecei a sentir-me mais confortável com as mudanças no swing».

A competição começou na quinta-feira e Ricardo Melo Gouveia arrancou com uma volta de 71 pancadas, igualando o Par do campo. «Joguei bem no primeiro dia», assegurou-nos, enquanto nas redes sociais acrescentou: «Foi um teste duro, com muito vento, mas aguentei-me. Estou satisfeito com o resultado».

Estava no grupo dos 15.º classificados, mas o verdadeiro teste seria a segunda volta, por trazer à tona os demónios dos recentes cuts falhados. Era o dia do tudo ou nada e o profissional da Quinta do Lago reagiu positivamente.

«No segundo dia não joguei tão bem e senti um pouco a pressão de passar o cut», reconheceu, e o certo é que as 74 pancadas (+3) foram o seu pior cartão de sempre no Open de França.

Aquele quádruplo-bogey no icónico buraco 18 do Albatros poderia ter ditado a sua eliminação, mas nesse segundo dia RMG tinha saído do buraco 10. O 18 não era o seu final de volta, tinha ainda nove buracos pela frente para tentar recuperar e conseguiu-o parcialmente, com um providencial eagle no buraco 3 que lhe permitiu carimbar o passaporte para as duas últimas jornadas.

Tinha caído de 15.º para 41.º (empatado) na classificação, mas isso era o menos importante: «vinha de uma série de quatro cuts falhados e na sexta-feira. Por isso, depois de acabar a segunda volta e de saber que tinha passado o cut, fiquei contente. Afinal, no início da semana, estava um pouco com falta de confiança e em baixo».

Na terceira volta, com 69 pancadas, 2 abaixo do Par, Ricardo Melo Gouveia igualou o seu melhor cartão de sempre no Open de França (um recorde pessoal fixado na última volta de 2016) e nas redes sociais não cabia em si de contente: «Muito feliz com o meu jogo de hoje. O meu jogo comprido esteve muito sólido e proporcionou-me muitas oportunidades de birdie».

No quarto e último dia não conseguiu melhor do que igualar o Par-71 do campo e subiu de 41.º para 31.º. Não era o top-10 de que necessitava para poder eventualmente garantir um dos três convites em jogo para o British Open – esses foram para o escocês Russell Knox, o norte-americano Julian Suri e o sueco Marcus Kinhult – mas o importante foi sentir-se de novo com forças para lutar por uma melhor segunda metade da temporada.

«Neste torneio já joguei bastante melhor, senti-me muito mais confortável, algo irregular no segundo e neste último dia, mas bem melhor e nesse sentido é um bom resultado», frisou à Tee Times Golf.

Com um agregado de 285 pancadas, 1 acima do Par, após voltas de 71, 74, 69 e 71, Ricardo Melo Gouveia embolsou 49.320 euros, o seu prémio mais elevado da temporada, e ascendeu do 153.º para o 130.º posto na Corrida para o Dubai.

Ainda está longe do top-100 de que necessita no final da temporada para se manter no European Tour em 2019, mas a motivação redobrou depois do Open de França, um torneio onde em três anos ganhou um total de 133.288 euros!

Curiosamente vive em 2018 uma situação muito semelhante à do ano passado. Em 2017, o jogador da Srixon também chegou ao Le Golf National com cinco cuts seguidos falhados, a sua pior série de sempre no European Tour, mas o 38.º lugar foi o início da recuperação que culminou com um final de época espetacular que teve o seu ponto alto no 5.º lugar no Portugal Masters.

Este ano espera-se que possa funcionar igualmente como um ponto de viragem na época do português de 26 anos: «Vêm aí mais dois torneios da Rolex Series, dois torneios grandes (o Open da Irlanda já esta semana e o Open da Escócia na semana seguinte), dois torneios com lugares de acesso ao British Open (em Carnoustie, de 19 a 22 de julho), e uma boa prestação num destes torneios pode alterar o resto da temporada. Seria ótimo, e o facto de ter jogado melhor esta semana também dá-me ânimo para esses próximos eventos».

Será fundamental a Ricardo Melo Gouveia cimentar o tal regresso ao swing dos seus tempos áureos, agora com este novo treinador britânico. O drive foi sempre o barómetro do seu jogo e da sua confiança.

«Senti-me mais confortável e a jogar melhor», garante. As estatísticas não mentem. Em quatro voltas no difícil Albatros de fairways estreitos, teve uma precisão de drive de 64,3%, exatamente o mesmo índice do vice-campeão do torneio, Russell Knox. E os seus 72,2% de greens em regulação não ficaram nada longe dos 75% do campeão da prova, o sueco Alex Noren.

Por falar em Noren, viveu uma semana de sonho – até porque no último dia recuperou de uma desvantagem de 7 pancadas – e já pensa em voltar ao Le Golf National para a Ryder Cup.

Entretanto, ao somar 277 (73+72+65+67), 7 abaixo do Par do Albatros, menos 1 shot do que Knox, Suri e o inglês Chris Wood, o sueco conquistou o seu 10.º título no European Tour, o seu segundo na Série Rolex (depois do BMW PGA Championship do ano passado) e subiu ao 2.º lugar na Corrida para o Dubai.

O European Tour prossegue no próximo dia 5, com o Dubai Duty Free Irish Open Hosted by The Rory Foundation, igualmente com 6,3 milhões de euros em prémios, com a presença de Ricardo Melo Gouveia. Filipe Lima e Pedro Figueiredo inscreveram-se mas ficaram de fora e irão competir no Challenge Tour.

Hugo Ribeiro / Tee Times Golf para Record

Autor: Hugo Ribeiro

Lisboa, 2 de Julho de 2018

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