Grande Final do Challenge Tour – Lima o herói do dia e Santos no European Tour
Filipe Lima foi o herói da última volta da Grande Final do Challenge Tour que terminou este Domingo em Maiorca sob condições extremamente difíceis.
O dia amanheceu com relâmpagos, levando a organização a atrasar o início da jornada das 8h00 para as 9h17.
Mas quando Filipe Lima – que ia no terceiro grupo – se preparava para dar o terceiro ‘shot’ no seu segundo buraco, o 11 do Club de Golf Alcanada, suspendeu-se tudo por os grens estarem alagados, dada a intensidade da chuva.
Ainda com precipitação intensa, ventos fortes e um frio glaciar nada habitual nas Baleares, o diretor de torneio, Frederico Paez, anunciou que a última volta seria retomada às 11h50.
Uma decisão controversa, mas que veio a revelar-se acertada pois os greens aguentaram e o torneio terminou mesmo à queima, no crepúsculo do dia.
“Se fosse um torneio regular talvez se tivesse decidido adiar para o dia seguinte, mas aqui pesa muito a decisão do diretor de torneio e eles queriam terminar hoje porque havia muita coisa em jogo. Acho que fizeram bem”, disse Ricardo Santos.
Houve mais jogadores contra do que a favor da decisão polémica, mas um dos raros que rejubilou foi exatamente Filipe Lima, que já tinha avisado que o mau tempo poderia favorecê-lo.
A sua experiência e a sua versatilidade técnica permitem-lhe aguentar bem as adversidades meteorológicas. E quando se soube que os jogadores iriam voltar ao campo, riu-se e disse-nos: «Não poderia ser mais perfeito para mim».
Se no Sábado fora Ricardo Santos o melhor do top-45 do Challenge Tour, com uma volta de 65 pancadas, 6 abaixo do Par, no Domingo foi a vez de Filipe Lima arrancar esse estatuto com 66 (-5), com um cartão imaculado de bogeys e birdies.
Para se ter uma noção da proeza do português residente em França, dos 45 participantes só três bateram hoje o Par-71 do traçado de Robert Trent Jones Jnr. e nenhum desses três terminou no top-10 do torneio de 420 mil euros em prémios monetários.
“Os meus parabéns ao Lima, porque um resultado destes, de 5 abaixo do Par, num dia como este é de se lhe tirar o boné”, elogiou Ricardo Santos que, por seu lado, repetiu as 75 pancadas, 4 acima do Par, da primeira volta.
Filipe Lima galgou na classificação de 38.º para 11.º classificado, empatado com o holandês Will Besseling, com 285 pancadas, 1 acima do Par. O português de quase 38 anos com voltas de 75, 75, 69 e 66, e Besseling com rondas de 72, 71, 71 e 71. Cada um recebeu 11 mil euros de prémio, o que levou Lima a fechar o Challenge Tour de 2019 no 20.º lugar, fora do top-15 com acesso ao European Tour.
Agora o campeão nacional de 2017 terá de tentar a sua sorte na Final da Escola de Qualificação do European Tour que começa no final da próxima semana, em Espanha, onde terá a companhia de Pedro Figueiredo, o único português a ter superado hoje a Segunda Fase da Escola de Qualificação.
“Não tenho explicação. Foi a volta mais difícil das quatro e faço um resultado destes… a Senhora ajudou-me muito hoje. Da maneira como estava o tempo, com várias paragens, não ter feito bogeys… é uma coisa maluca, mas hoje joguei bem e ‘patei’ bem. Veio tarde, mas vai dar-me confiança para a semana”, disse Filipe Lima, campeão este ano do torneio finlandês do Challenge Tour.
Quanto a Ricardo Santos, ocupava o 11.º lugar antes do início da última volta da Grande Final do Challenge Tour e pensava-se que poderia atacar o top-10. Teve hipóteses de birdie nos três primeiros buracos para fazê-lo, mas não os converteu e acabou por não fazer nenhum birdie, sofrendo 1 duplo-bogey e 2 bogeys, embora com muito azar no duplo. O único aspeto positivo foi ter jogado a Par os últimos sete buracos do campo.
Com rondas de 75, 73, 65 e 75, e um total de 288 (+4), o campeão nacional de 2011 e 2016 tombou do 11.º para o 21.º lugar, recebendo um prémio de 4.475 euros. Já se sabia que Ricardo Santos tinha garantido a subida ao European Tour em 2020 – restava saber apenas em que posição. Pois bem, fecha a temporada e vai agora duas semanas de férias como o 10.º classificado na Corrida para Maiorca, depois de um ano em que venceu o Challenge da Suíça e obteve mais dois top-3.
“Saio daqui com boas sensações – diz Ricardo Santos – porque gostei bastante da minha atitude durante quase toda a semana. Realmente, não foi um campo ao qual tenha-me adaptado bem. Não foi a minha melhor semana e mesmo assim acabei a meio da tabela estando aqui os melhores jogadores, é sempre positivo. Há quatro anos que andava a lutar no Challenge Tour e, obviamente, com o passar dos anos as coisas são cada vez mais difíceis. Consegui-lo de novo é um motivo de bastante orgulho e estou feliz”, acrescentou o algarvio que, não sendo já novo para o golfe aos 37 anos, ainda pode ter quase mais uma década ao mais alto nível. Aliás, Filipe Lima desejou-lhe “que se mantenha muitos anos no European Tour”.
É a segunda vez que Ricardo Santos chega à primeira divisão do golfe profissional europeu vindo da segunda. Depois de tê-lo feito em 2011, ano em que foi o n.º4 no ranking do Challenge Tour.
E se Ricardo Santos iniciou a semana sonhando ainda com a possibilidade de fechar a época como o n.º1 do Challenge Tour de 2019, à semelhança do que fizera Ricardo Melo Gouveia, a verdade é que foi Francesco Laporta a arrebatar esse estatuto.
O italiano ganhou a Grande Final em Maiorca com 278 (68+69+70+71), -6, embolsou 72 mil euros e fechou o ano como o n.º1 do Challenge Tour com dois títulos conquistados nos dois últimos meses. Repetiu a “dobradinha” de Ricardo Melo Gouveia em 2015, em Omã.
Autor: Hugo Ribeiro / Tee Times Golf
Lisboa, 10 de novembro de 2019