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Susana Ribeiro numa encruzilhada

Susana Ribeiro numa encruzilhada

Susana Ribeiro está numa autêntica encruzilhada e pela primeira vez em muitos anos sofreu um revés sério na sua carreira, sendo necessário refletir nos passos seguintes, quando tem apenas 28 anos e ainda muito para dar ao golfe nacional.

Ao falhar o apuramento para a Final da Escola de Qualificação, de 16 a 20 de dezembro, no Amelkis Golf Club e no PalmGolf Marrakesh Ourika, em Marrocos – onde estará a tentar a sua sorte a campeã nacional Leonor Bessa –, Susana Ribeiro poderá ter comprometido parte da época de 2019.
«Em relação à próxima época, não sei o que vai ser, e pelo menos até março ou abril penso que não terei nada, porque o LETAS só começa em abril e não sei se a minha categoria poderá permitir-me jogar muitos torneios. Vou tirar umas semanas para descansar e limpar a cabeça», comentou, com sinceridade, à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.

Susana Ribeiro é, provavelmente, a melhor golfista portuguesa de sempre e a sua carreira tem evoluído em crescendo, ao somar três títulos seguidos de campeã nacional amadora, a três troféus consecutivos de campeã nacional de profissionais, com algumas presenças bem positivas pelo meio no Santander Golf Tour (o circuito profissional espanhol) e no Ladies European Tour Access Series (LETAS), a segunda divisão europeia.

Mas em 2018, apesar de alguns resultados entusiasmantes no LETAS e em Espanha, não só perdeu o seu estatuto de campeã nacional para Leonor Bessa como não conseguiu passar à Final da Escola de Qualificação do Ladies European Tour (LET), não repetindo o que fizera em 2017.

«Foi a época em que trabalhei mais, em que fiz mais sacrifícios, em que abdiquei de algumas coisas, e é capaz de ter sido a pior época que fiz desde que passei a profissional. Não há ninguém que esteja mais triste do que eu e não é para isto que tenho trabalhado», desabafou a jogadora do Skip Golfe.

A Pré-Qualificação-B da Escola de Qualificação do Ladies European Tour, decorreu no Amelkis Golf Club, em Marrocos, um campo que Susana Ribeiro já conhecia e do qual até tinha boas memórias, mas a verdade é que andou sempre nos últimos lugares.

Entre 70 participantes, terminou no 62.º lugar, empatada com a sul-africana Dominique Jacobs, com 305 pancadas, 17 acima do Par, após voltas de 79, 77, 72 e 77. Só na terceira ronda logrou igualar o Par do campo e em 72 buracos limitou-se a 6 birdies.

Ganhou a sueca Linnea Strom com 265 (66+69+62+68), -23 e passaram à Final da Lalla Aicha Tour School (o nome oficial desta competição, em honra da princesa marroquina) 38 jogadoras, as últimas das quais com 3 pancadas acima do Par. A portuguesa ficou, portanto, a 14 pancadas do cut!

«Fiquei bastante desiludida com o resultado», sublinhou a jogadora do Team Portugal, que aceitou fazer uma análise mais técnica às suas exibições ao longo dos quatro dias de prova:

«Tive uma boa volta, com um bom resultado, a Par do campo, sem ter jogado bem mas com o putt melhor. Converti mais up and downs, mas ainda assim (andei) sempre longe da bandeira. Não tive muitas oportunidades para birdie e foi isso que me faltou nestes dias. Não consegui controlar bem o voo de bola. Apesar de o drive ter estado bom o putt oscilou de dia para dia, mas o principal foi o shot ao green, que falhou muito. Entrei mal no torneio, comecei a falhar muitos greens, comecei a perder mais confiança e a partir daí foi uma bola de neve».

O golfe feminino português é parco em valores e Susana Ribeiro é um valor seguro, como já provou no passado. Após a quadra natalícia, poderia tentar a sua sorte até março no Portugal Pro Golf Tour, pelo menos até perceber onde poderá competir em 2019.

É uma solução que não enjeita, embora explique que o regulamento deste circuito internacional dita que as jogadoras só possam lutar por prémios monetários se saírem das marcas de campeonato (brancas) como os jogadores. Se optarem por prescindir do “prize-money” podem jogar mais à frente das marcas azuis.

Para leigos na matéria, esta explicação técnica é incompreensível. Basicamente, nos torneios amadores as jogadoras saem mais à frente dos jogadores porque as suas pancadas têm menor distância do que a dos jogadores e é uma forma de tentar igualar a correlação de forças.

Nos circuitos profissionais, quando se luta pelo mesmo prémio monetário, as condições têm de ser iguais para todos os competidores independentemente do género (sexo). No Solverde Campeonato Nacional PGA isso não sucede porque há um prémio monetário exclusivamente dedicado ao torneio feminino.

A antiga tricampeã nacional vê-se também prejudicada por, pela primeira vez em muito tempo, não ter havido qualquer torneio português no LETAS.

Entre 2011 e 2017, só o facto de haver o Açores Ladies Open, organizado pela Stream Plan, da família Carmona Santos, já proporcionava ao golfe feminino português convites para torneios da segunda divisão europeia. Mas o torneio acabou este ano e a jogadora sente-se desamparada.

Susana Ribeiro, a sua equipa técnica dirigida pelo ex-selecionador nacional Nuno Campino, a PGA de Portugal e a Federação Portuguesa de Golfe têm alguns meses pela frente para tentar descortinar qual a melhor solução para proporcionar à jogadora alguma competição regular em 2019.

O golfe feminino português necessita de exemplos como Susana Ribeiro e Leonor Bessa, as únicas profissionais que ainda teimam em competir em circuitos internacionais.

Até porque há uma geração de sub-16 e sub-14 portuguesas de grande valor – quiçá a melhor de sempre –, a ser bem trabalhada pelos clubes e pela FPG, que olham para Ribeiro e Bessa como exemplos a seguir.

Autor: Hugo Ribeiro

Lisboa, 12 de dezembro de 2019

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