Raphael de Sousa rei dos play-offs
Tomás Silva o melhor português em 5.º e o Luso-suíço soma segundo título seguido.
O 2.º Morgado Classic, de 10 mil euros em prémios monetários, encerrou o 5.º Swing do PPGT e confirmou o luso-suíço Raphael de Sousa como o melhor jogador desta fase do circuito, somando a sua segunda vitória consecutiva, fazendo com que em apenas uma semana embolse 4 mil euros em prémios.
Tomás Silva jogou com Raphael de Sousa na primeira volta deste torneio e ficou impressionado com o que viu. «Parabéns ao Raphael. Tive a oportunidade de jogar com ele e mostrou um excelente golfe», disse o jogador do Club de Golf do Estoril à Tee Times Golf, em exclusivo para Record, depois de somar voltas de 67 e 71.
O campeão nacional meteu-se na luta pelo título e era o 2.º classificado após a primeira volta, mostrando que está bem melhor do que quando regressou ao circuito em finais de janeiro, depois de uma paragem de mais de um mês.
«Senti uma evolução no meu jogo. Estive a trabalhar alguns dias com o Steve e senti que nestas últimas quatro voltas estive bem. Coloquei-me em boa posição para lutar pela vitória e isso foi importante. Sinto que estamos a ir no caminho certo, apenas preciso de saber aproveitar melhor alguns momentos do jogo», acrescentou o profissional da Nike.
Recorde-se que em dezembro, também em declarações em exclusivo para Record, Tomás Silva explicou as mudanças que decidiu operar na sua carreira: «Estou a trabalhar com o treinador Steven Bainbridge e as mudanças de swing, mudanças de leitura do jogo e a maneira como interpretamos os momentos do jogo demoram tempo a serem assimiladas».
A diferença, para pior de 4 pancadas do primeiro para o segundo dia de prova custou o título a Tomás Silva, mas não foi o único. Aliás, foi uma constante entre os jogadores que iam na frente aos 18 buracos.
O belga Hughes Joannes, que liderava com 66 (-7) terminou em 10.º depois de uma segunda volta em 75 (+2). O amador britânico Thomas Spreadborough que estava empatado com Tomás Silva em 2.º caiu para 7.º com uma segunda ronda em que igualou o Par-73 do campo. E o irlandês John-Ross Galbraith, que também era 2.º, escorregou para 3.º com uma volta final em 70 (-3).
Disso aproveitou-se Raphael de Sousa, o mais regular entre os 62 participantes, ao somar duas voltas de 68 (-5), para um agregado de 136 (-10), que deixou-o empatado com o irlandês Gary Hurley, sendo necessário ir a play-off para decidir o título.
Hurley e de Sousa jogaram juntos no último dia e o irlandês necessitou de 1 birdie no último buraco para ir à “morte súbita”. O luso-suíço poderia ter resolvido o assunto logo ali, pois teve putt para birdie no buraco 18 para passar para 11 abaixo do Par e ganhar ao cabo dos 36 buracos regulamentares.
No entanto, como viu poucos dias antes, quando ganhou o 1.º Álamos Classic, também em play-off, Raphael de Sousa não teme estes momentos mais “quentes” e solucionou o problema logo no primeiro buraco de play-off, com 1 birdie no buraco 18.
«Dificilmente poderia ter sido melhor – disse em exclusivo a Record – pois dei um bom drive e depois um bom wedge para ficar a 4 ou 5 metros da bandeira. Ele falhou o green à esquerda e falhou o approach e eu meti o putt para birdie».
«Não sei bem quais são as minhas estatísticas em play-offs, nem sei se alguma vez perdi algum nos meus tempos de amador. O certo é que sei que tenho um registo bem positivo, sempre gostei do formato de match-play e um play-off é um pouco semelhante. Como profissional ganhei quatro vezes o campeonato de match play na Suíça e nos meus tempos de amador lembro-me de ir à final do British Amateur (um dos Majors mundiais amadores). É curioso que dois dos meus três títulos no PPGT tenham sido alcançados em play-off».
Raphael de Sousa, filho de pais portugueses emigrados em Genebra antes dele nascer há 35 anos, continua a manifestar-se «surpreendido pelo nível de golfe» apresentado nos dois últimos torneios, pois pouco treinou antes de vir a Portugal, «sobretudo o putting». Ainda por cima, normalmente joga «melhor no primeiro dia do que no segundo» e aqui tem acontecido o contrário, vindo de trás em ambas as vitórias alcançadas.
«Acho que é por causa de apresentar uma nova atitude. Estou mais paciente, jogo buraco a buraco, não vou com objetivos de resultados para o campo, sei que posso fazer muitos birdies e estou a conseguir uma boa mistura de buracos em que sou mais conservador e outros em que sou mais agressivo. O certo é que nestas quatro voltas “patei” muito bem e cometi poucos erros», analisou as suas duas prestações.
O 2.º Morgado Classic foi o 18.º título profissional da sua carreira e se ele não tivesse já o estatuto de membro do Challenge Tour, com entrada em quase todos os torneios, ter-lhe-ia garantido um convite para o Open de Portugal.
Cada vez mais ligado ao país dos seus pais, começa a encarar o Open de Portugal como um torneio em que joga em casa. No ano passado o presidente da PGA de Portugal, José Correia, ofereceu-lhe um convite, na sequência da sua vitória no 2.º Penina Classic, e Raphael de Sousa aproveitou-o bem, passando o cut.
Este ano, em setembro, irá entrar diretamente na lista de inscritos e as ambições poderão ser maiores: «Espero estar em forma nessa altura. Do que me lembro, no Open, o Morgado Golf Course estava mais exigente, com mais rough e mais vento, mas os greens estavam parecidos em termos de firmeza, embora agora me pareçam em melhores condições. Nesse sentido, é positivo ter jogado este torneio, é sempre bom conhecer melhor as linhas de putt».
Tomás Silva tem a mesma opinião: «Parabéns a toda a equipa da manutenção porque os dois campos, o Álamos e o Morgado, estão realmente em excelentes condições. Sem dúvida dos melhores greens em que já joguei. Em comparação com o Open de 2018 estava diferente, com os roughs mais baixos. Na altura lembro-me de que havia certos buracos em que tínhamos dificuldade em encontrar as bolas nos roughs. Mas sem duvida que quanto mais voltas se jogar num campo, mais confortável ficamos com o tipo de shot que é preciso dar».
José Correia, promotor do PPGT, não está surpreendido com o nível de jogo de Raphael de Sousa, que considera ser «um excelente jogador», e confirma ter conversado com ele no ano passado, aconselhando-o a usar melhor a sua dupla nacionalidade.
«Disse-lhe que seria bom para ele vir morar para Portugal, tal como já disse o mesmo ao Filipe Lima. Neste momento temos mais oportunidades de competição, com o Portugal Masters do European Tour, o Open de Portugal do Challenge Tour, os 22 torneios do PPGT. É filho de portugueses, poderia, quem sabe, representar um dia Portugal. É um assunto em cima da mesa mas este ano ainda não falei com ele sobre isso», inoformou o também presidente da PGA de Portugal e membro da Direção da Federação Portuguesa de Golfe.
«Tenho muito boa relação com todos os jogadores portugueses e é um prazer ver a evolução do golfe português nestes últimos anos», respondeu Raphael de Sousa.
O 2.º Morgado Classic contou com 10 portugueses. As suas classificações e resultados foram as/os seguintes:
5.º (empatado) Tomás Silva, 138 (67+71), -8, €650
12.º (empatado) João Ramos, 142 (74+68), -4, €337
16.º (empatado) Tomás Bessa, 143 (71+72), -3
18.º (empatado) Ricardo Santos, 144 (70+74), -2
26.º (empatado) Hugo Santos, 146 (72+74), Par
29.º (empatado) Tiago Cruz, 147 (73+74), +1
46.º (empatado) Alexandre Abreu, 153 (74+79), +7
55.º (empatado) José Nicolau Melo, 159 (78+81), +13
59.º Rogério Brandão, 160 (81+79), +14
61.º Mikael Carvalho, 166 (82+84), +20
Lisboa, 12 de fevereiro de 2019
Foto: Tomás Silva
Por Hugo Ribeiro