PGA Portugal Open – Leonor Bessa faz história no Golfe Nacional Profissional
Leonor Bessa foi a vencedora do PGA Portugal Open e a primeira jogadora a vencer uma competição mista do PGA Portugal Tour, o circuito profissional português. Numa competição no O’Connor Course do Amendoeira Golf Resort, reduzida a uma volta devido ao mau tempo, a campeã nacional absoluta marcou 67 (-5) e depois bateu Tomás Melo Gouveia no play-off.
O dia 1 de dezembro de 2020 entrou para a história do golfe nacional como a primeira vez que uma jogadora ganhou um torneio misto do PGA Portugal Tour, o circuito profissional português.
Leonor Bessa é a autora dessa proeza, na prova que encerrou o calendário de alta competição em Portugal na época de 2020, depois da Federação Portuguesa de Golfe ter declarado que não organizará mais torneios este ano, devido ao agravamento da pandemia, uma consequência da deliberação do Governo no Decreto nº 9/2020, de 21 de novembro.
A PGA de Portugal tinha ainda programada a Taça Manuel Agrellos, o confronto anual entre as seleções nacionais de amadores e profissionais, mas essa prova foi, entretanto, cancelada pela decisão federativa, pelo que o PGA Portugal Open, que decorreu nesta terça-feira, foi o último evento golfístico de alta competição em Portugal em 2020.
Numa temporada atípica, caracterizada pelo contexto da pandemia, o calendário nacional para profissionais foi reduzido a escassas três provas: o Solverde Campeonato Nacional PGA, no Vidago Palace Golf Course, em julho, organizado pela PGA de Portugal; o Campeonato Nacional Absoluto Audi, no Oporto Golf Club, em Espinho, em setembro, realizado pela Federação Portuguesa de Golfe; e este PGA Portugal Open, no Amendoeira Golf Resort, em Silves, de novo sob a égide da PGA de Portugal.
Os dois primeiros tiveram classificações masculina e feminina, mas este último – como costuma acontecer há muitos anos no PGA Portugal Tour – foi um evento misto.
Leonor Bessa já tinha ganho os dois torneios femininos, em julho e setembro, sendo, por isso, a atual campeã nacional de profissionais e campeã nacional absoluta. Este triunfo mais recente manteve a sua invencibilidade a nível interno e teve um sabor especial pelo tal recorde histórico.
“Claro que dá-me prazer ganhar, principalmente porque sei que alguns (jogadores) não reconhecem o golfe feminino e, como tal, é uma ‘chapada de luva branca’. Mas, essencialmente, gosto de ganhar e gosto de acabar o ano assim. Dá-me algum alento para os próximos meses de treino que se avizinham”, disse Leonor Bessa à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.
A portuguesa de 22 anos totalizou 67 pancadas, 5 abaixo do Par do O’Connor Jr. Course do Amendoeira Golf Resort, graças a uma volta excecional, única na sua carreira profissional, pois nunca tinha feito 18 buracos competitivos sem sofrer bogeys e converteu 5 birdies.
Destacam-se os 3 birdies alcançados em buracos de Par-5. O saudoso Christy O’Connor Jr. imaginou quatro buracos de Par-5 e a campeã jogou esses quatro buracos em 3 abaixo do Par.
“A volta foi muito sólida. Foi das minhas melhores voltas (de sempre). Dei bons shots ao green e coloquei a bola bastante perto das bandeiras. Fui sendo paciente com alguns putts que não entraram e fui criando oportunidades. Foi a minha primeira volta “boggey free”, o que também foi bom para os meus recordes pessoais”, analisou a jogadora da Nike Golf.
Apesar da excelente volta de -5, Leonor Bessa não garantiu logo o título quando terminou os seus 18 buracos.
É que Tomás Melo Gouveia, que só terminou a sua prestação alguns minutos depois, igualou o seu 67 (-5), também ele com 5 birdies, mas, no seu caso, a precisar de 1 birdie no último buraco para ir a play-off.
A decisão do título jogou-se no buraco 18, onde Tomás até tinha feito 1 birdie e Leonor tinha igualado o Par-4. Desta feita, nenhum jogou particularmente bem e foi com 1 bogey que a campeã nacional se apoderou do seu terceiro título do ano.
“Dei o tee shot para o meio do fairway e o Tomás falhou à direita. Depois, eu falhei o green à direita e ele à esquerda. Ele tinha um chip bastante difícil e passou a bandeira. O meu chip não era fácil, mas dei um mau chip e fiquei ainda bastante curta. Eu fiz 2 putts e ele 3”, contou Leonor Bessa.
Uma ‘morte-súbita’ no mínimo curiosa e insólita, porque Leonor Bessa e Tomás Melo Gouveia começaram a namorar este ano e treinam muitas vezes juntos em campos algarvios, região onde ambos residem, embora Tomás seja natural de Lisboa e Leonor venha de Paredes.
“Não foi nada divertido, mas foi diferente e penso que único. Estava muito nervosa, porque queria ganhar, mas, ao mesmo tempo, também queria que ele ganhasse. Por isso, não foi mesmo fácil”, admitiu a campeã.
É que, para além de namorados, Tomás já foi caddie de Leonor em torneios do Santander Golf Tour espanhol e ela também foi caddie dele num torneio do European Tour, pelo que o normal é puxarem um pelo outro e não rivalizarem diretamente entre si.
O título rendeu a Leonor Bessa um prémio monetário de 800 euros, enquanto Tomás Melo Gouveia – que normalmente milita no Pro Golf Tour germânico – contentou-se com 550 euros.
A antiga campeã nacional de sub-16, sub-18, amadora, de profissionais e agora até absoluta só pode estar contente pela forma como encerrou uma época nacional em que venceu os três torneios que disputou: “Foi uma boa época a nível nacional. Como disse foram três em três, com 100% de eficácia. Tenho trabalhado bastante e agora estou a investir e a arriscar um pouco mais em alguns aspetos, para levar o meu jogo a um nível mais elevado e estas vitórias fazem-me querer mais e acreditar que o meu sonho é possível”.
A sua época internacional foi igualmente positiva, terminando, pela primeira vez, no top-10 (7.ª) do ranking do Santander Golf Tour, o circuito profissional espanhol.
O PGA Portugal Open deveria ter-se estendido por dois dias, mas a chuva intensa, com períodos de trovoada, que abateu-se sobre o Algarve na segunda-feira, forçou a organização a cancelar toda a primeira volta, sendo tudo decidido em apenas 18 buracos disputados nesta terça-feira. Aliás, na segunda volta ainda havia água nos bunkers e os jogadores tiveram direito a ‘free relief’, o que também ajudou aos bons resultados verificados.
A organização teve aqui uma nota positiva ao decidir que a redução da prova em 18 buracos não deveria afetar o total de prémios monetários, que manteve-se nos quatro mil euros.
O presidente da PGA de Portugal, Nelson Cavalheiro, só pode estar satisfeito, apesar de tudo, com este torneio, pois reuniu o melhor que o golfe nacional pode oferecer.
A nível feminino, para além de Leonor Bessa, jogaram: Susana Ribeiro (-1), quatro vezes campeã nacional de profissionais e vinda do Open de Espanha do Ladies European Tour; Mónia Bernardo (+5), ex-tricampeã nacional, que competiu pela primeira vez este ano; Sara Gouveia (+3), duas vezes vice-campeã nacional amadora; e Filipa Capelo (+5), a amadora que estuda e compete na California Baptist University, em Riverside, nos arredores de Los Angeles.
A nível masculino, a lista de inscritos foi ainda melhor. Faltaram apenas Filipe Lima que reside em França; Pedro Figueiredo, Ricardo Santos e Stephen Ferreira, que estão a competir na África do Sul em torneios do European Tour.
De resto, estiveram no Amendoeira Golf Resort Miguel Gaspar, Tomás Silva e Vítor Lopes, todos do Alps Tour; Tomás Melo Gouveia e Alexandre Abreu, do Pro Golf Tour; o antigo campeão nacional Hugo Santos (Par) e o amador Pedro Cruz Silva, a estudar e competir na Mississipi State University, em Starkville.
Mas o grande feito deste PGA Portugal Open foi reunir pela primeira vez este ano, num mesmo torneio a contar apenas para rankings internos, Tomás Bessa (-4), o campeão nacional de profissionais, que compete no Alps Tour Golf; Ricardo Melo Gouveia (-3), o campeão nacional absoluto, que milita no Challenge Tour; e Pedro Lencart (Par), o campeão nacional amador. Em 2020 isso sucedeu apenas nos torneios portugueses do European Tour e neste evento.
Para mais, a organização decidiu (e bem) colocar os três campeões nacionais de 2020 a jogarem juntos no mesmo grupo.
Em geral os resultados foram bastante positivos, com o top-10 dos 30 participantes a ficar abaixo do Par.
O top-10 do PGA Portugal Open de 2020, realizado no O’Connor Jr. Course do Amendoeira Golf Resort, foi o seguinte:
1.ª Leonor Bessa, 67 pancadas (5 abaixo do Par), €800,00 (vitória no play-off), com saídas das marcas azuis;
2.º Tomás Melo Gouveia, 67 (-5), €550,00, com saídas das marcas brancas;
3.º Tomás Bessa, 68 (-4), €375,00, com saídas das marcas brancas;
3.º Miguel Gaspar, 68 (-4), €375,00, com saídas das marcas brancas;
5.º Ricardo Melo Gouveia, 69 (-3), €275,00, com saídas das marcas brancas;
5.º Tomás Silva, 69 (-3), €275,00, com saídas das marcas brancas;
7.ª Susana Ribeiro, 71 (-1), €183,33, com saídas das marcas azuis;
7.º Vítor Lopes, 71 (-1), €183,33, com saídas das marcas brancas;
7.º Alexandre Abreu, 71 (-1), €183,33, com saídas das marcas brancas;
7.º Pedro Cruz Silva, 71 (-1), amador, com saídas das marcas brancas;
Hugo Ribeiro / Tee Times Golf (teetimes.pt) para Record
Lisboa, 1 de dezembro de 2020
Fotografia © Carla Guerreiro / PGA Portugal