Dia negativo para portugueses nos circuitos europeus
Um dia depois de ter jogado pela primeira vez na sua carreira uma volta de 7 pancadas abaixo do Par em torneios do DP World Tour, Ricardo Melo Gouveia viveu hoje (sexta-feira) uma das suas piores jornadas de sempre na primeira divisão europeia, ao assinar um cartão de 6 acima do Par.
Num ápice, o n.º1 português passou de uma situação em que era 2.º classificado, a lutar pelo título, para uma eliminação aos 36 buracos no Ras Al Khaimah Classic.
Quem esteve, apesar de tudo, mais perto de passar o cut foi Ricardo Santos, que chegou figurar entre os apurados para o fim de semana, quando atingiu o agregado de 3 abaixo do Par, mas também ele terminou com -1 e despediu-se deste torneio de dois milhões de euros em prémios monetários.
Entretanto, na África do Sul, o cut só será definido amanhã (Sábado), mas tanto Stephen Ferreira como Pedro Figueiredo estão fora do top-120 do Dimension Data Pro-Am.
Só uma terceira volta extraordinária irá permitir-lhes manterem-se em prova neste evento do Challenge Tour, com um ‘prize-money’ de 347.400 euros.
Há dias assim e é preciso reconhecer que vivemos uma jornada negativa para os quatro portugueses que estão a competir esta semana nos dois principais circuitos europeus.
“Foi daqueles dias em que nada saiu como queria, com muitos erros, muitos putts falhados e alguma falta de sorte também à mistura”, sintetizou bem Ricardo Melo Gouveia em declarações ao Gabinete de Imprensa da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), depois de concluir a prova no grupo dos 89.º classificados, com 143 pancadas (voltas de 65 e 78), 1 abaixo do Par.
O profissional da Quinta do Lago começou logo com bogey-bogey-duplo nos buracos 10, 11 e 12. Ainda estava no cut provisório e o birdie no 14 ajudou, mas mais bogeys nos buracos 15 e 17 colocaram-no em sérias dificuldades. O duplo-bogey no 1, com novo bogey no 4 enterraram-lhe as aspirações, de pouco valendo os birdies no 3 e no 7.
O português de 30 anos, nunca deixou de lutar, mas foi mesmo um dia não. É preciso recuarmos a setembro de 2020, ao Estrella Damm N.A. Andalucia Masters, para vermos o seu último cartão de 6 acima do Par, embora nessa altura de 77 pancadas.
Ricardo Melo Gouveia deverá agora sair do top-100 do DP World Tour Ranking (prevê-se que caia para o 104.º posto), mas a histórica primeira volta de ontem mostra que está de novo a ser capaz de jogar ao seu melhor nível. Apesar de tudo, há boas indicações para o futuro.
Também Ricardo Santos, não obstante não ter conseguido passar o cut pela segunda semana seguida, saiu dos Emirados Árabes Unidos com a sensação de que nem tudo foi mau, bem pelo contrário.
“Houve pontos positivos esta semana. O jogo está perto (do melhor) e no caminho que eu pretendo. Há que afinar e melhorar em certos aspetos”, referiu, após integrar o mesmo grupo dos 89.º posicionados, com 143 (-1), apresentando cartões de 72 e 71.
Com efeito, nestes seus dois primeiros torneios de 2022 o português de 39 anos nunca jogou acima do Par. Foram seis voltas seguidas a Par ou abaixo do Par. Mas ficou-lhe um sabor amargo na boca.
“Durante estas duas semanas deixei escapar voltas muito boas… mesmo. Hoje o resultado não reflete, nem de perto, aquilo que joguei, pois falhei algumas boas oportunidades de birdie. Ontem, depois do começo que tive (3 birdies nos primeiros 7 buracos), deveria ter feito uma volta de, pelo menos, -3, mas não consegui”, lamentou-se.
O profissional da Titleist entrou hoje no cut provisório quando converteu 1 eagle no buraco 3 (de Par-5), mas concluiu a segunda volta com bogeys nos buracos 5 e 9, perdendo a hipótese de apuramento.
O cut fixou-se em 3 pancadas abaixo do Par e o neo-zelandês Ryan Fox, apesar de admitir ter sentido mais dificuldades no segundo dia, continua a liderar, agora com 132 (63+69), -12.
“Este jogo é mesmo assim e nuns dias somos mais felizes do que noutros. Há que seguir em frente e trabalhar para que o próximo seja melhor. Agora serão duas semanas sem torneio e com trabalho de casa”, resignou-se Ricardo Santos, que deverá descer para o 151.º posto no ranking da primeira divisão europeia.
Se os dois Ricardo’s regressam agora a casa e, provavelmente, terão o seu próximo torneio do DP World Tour no Open do Quénia, a partir de 3 de março, Stephen Ferreira e Pedro Figueiredo disputam ainda mais uma volta amanhã em George, na África do Sul.
A situação de ambos é, contudo, muito difícil. Ferreira está empatado em 121.º com 145 (73+72), +1, enquanto Figueiredo é 156.º entre 162 jogadores, com 151 (74+77), +7.
Os dois portugueses de 30 anos jogaram no Montagu Course na quinta-feira e hoje no Outeniqua Course. Amanhã será a vez que desafiarem o The Links Course, teoricamente o mais difícil.
O Dimension Data Pro-Am inaugura o Challenge Tour de 2022, realiza-se no Fancourt Golf Estate desde 2010. Integra igualmente o Sunshine Tour, a primeira divisão sul-africana e é o Pro-Am mais famoso da África do Sul. Cada profissional joga durante três voltas com o mesmo amador, sempre em campos diferentes, havendo uma classificação por equipas e outra individual. A última volta é jogada no Montagu Course.
Gabinete de Imprensa da Federação Portuguesa de Golfe
Miraflores, 11 de fevereiro de 2022
Fotografia © Thos Caffrey / Golffile