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Após “ano zero” Leonor Bessa ataca nova vida – A portuguesa de 21 anos analisa a primeira época como profissional

Após “ano zero” Leonor Bessa ataca nova vida – A portuguesa de 21 anos analisa a primeira época como profissional

Leonor Bessa encerrou esta semana a sua temporada de 2019, a primeira completa desde que passou a profissional, e embora não tenha conhecido os sucessos da sua boa carreira amadora, deu alguns sinais encorajadores para uma jogadora jovem que tenta conciliar a carreira com os estudos universitários.

A portuguesa de 21 anos tornou-se profissional apenas no último trimestre de 2018, mesmo a tempo de sagrar-se campeã nacional, destronando a crónica tricampeã Susana Ribeiro, e parecia lançada para um 2019 em grande, mas, afinal, competiu pouco e, em declarações à Tee Times Golf (teetimes.pt) em exclusivo para Record, admite ter sido um importante período de convulsões, de aprendizagem e de encanto com a nova vida que escolheu.
Se formos olhar apenas para os resultados, a única etapa que disputou no PGA Portugal Tour foi a Taça Manuel Agrellos, na qual, claramente com falta de ritmo, esteve muito abaixo do seu nível habitual. Também estava inscrita no Campeonato Nacional PGA Solverde, mas acabou por nem poder defender o título, porque não verificou que a prova começava um dia mais cedo do que pensava e sofreu falta de comparência. Não está, por isso, classificada na Ordem de Mérito 1080 Produções da PGA de Portugal de 2019.

No Santander Golf Tour, o circuito profissional espanhol, que poderemos considerar uma das terceiras divisões europeias, entrou em seis torneios e fechou a temporada no 20.º lugar da Ordem de Mérito entre 46 classificadas. Digamos que é uma prestação positiva, dado ter sido o primeiro ano em que competiu neste circuito e ficou a meio da tabela com pouca participação.

No Ladies European Tour Access Series (LETAS), a segunda divisão europeia, só se inscreveu em três torneios e, por isso, é natural que tenha concluído a temporada como 182.ª da Ordem de Mérito entre 191 jogadoras.

Se pensarmos que nos seus tempos de amadora era normal ter 30 competições num ano (incluindo todas as categorias) e ganhou tudo o que havia para ganhar a nível nacional, fácil é de perceber que Leonor Bessa necessitou de adaptar-se a uma nova realidade, a do setor feminino profissional português, que implica competir muito menos e ter de tirar o máximo de rendimento possível das provas em que entra.

«O balanço deste primeiro ano como profissional foi positivo. Dei um passo para um mundo diferente e desconhecido, que implicou vários investimentos a nível técnico (maioritariamente), a nível de adaptação, a diferentes calendários, diferentes formatos de competição, de planeamento… tudo passa a estar “por nossa conta”», explicou-nos a jogadora natural do Porto, com residência em Paredes, que treina frequentemente no Algarve.

Leonor Bessa toca num ponto importante – a “solidão”. Enquanto amadora estava integrada ou na equipa do Club de Golf de Miramar ou nas seleções nacionais da Federação Portuguesa de Golfe, entidades que geriam grande parte da sua logística. Como profissional, passou para a alçada da PGA de Portugal que não dispõe desses serviços administrativos e logísticos de apoio às jogadoras (e jogadores). Teve de aprender a gerir a sua carreira.

Ora, nesse sentido, a transição de amadora para profissional foi uma montanha-russa de profundas alterações na vida da jogadora. Houve uma experiência de conciliar a competição com o início de uma carreira de treinadora, mas rapidamente abandonada; houve o regresso aos estudos universitários; a opção por uma nova equipa técnica da Elite Golf Academy no Algarve, liderada por Steven Bainbridge, um britânico que também trabalha, entre outros, com o atual bicampeão nacional, Tomás Silva; alterou a sua forma de treinar (fisicamente) e de nutrição e perdeu muitos quilos, com as alterações que isso provoca na técnica de jogo; e houve até mesmo algumas mudanças ao nível da sua vida privada que não vêm aqui para o caso, mas que têm sempre influências na vida profissional.

Embora tenha revelado sempre nos últimos anos uma atitude bastante madura para a sua idade, convenhamos que são muitas mexidas para serem absorvidas por uma jogadora tão jovem em apenas um ano. Daí compreender-se a opção que Leonor Bessa tomou de não desgastar-se demasiado neste primeiro ano de carreira profissional e concentrar-se em consolidar todas as mutações.

«Considero que foi um “ano zero”, uma vez que não joguei muitos torneios, por opção, porque durante todo o ano fiz muitos ajustes técnicos para poder melhorar o meu nível e para nos próximos três anos passar ao próximo patamar. É preciso correr riscos para tentar alcançar a excelência. Foi um ano cheio de bons desafios, difíceis, mas bons. Agora que está a terminar sinto-me bem mais completa, competente e capaz de continuar este novo caminho», disse a estudante de jornalismo e comunicação.

É exatamente por esta postura de “ano zero” que as classificações finais de 2019 nos rankings dos circuitos em que competiu não são tão importantes para ela: «Não fiz muitas contas aos rankings porque o queria era aplicar as mudanças que estava a trabalhar e ganhar algum ritmo. Fiz alguns bons resultados e são esses que quero reter».

Como vimos anteriormente, o Santander Golf Tour foi aquele em que mais se investiu e não se arrepende: «Gostei imenso. A organização é espetacular e o facto de serem todos aqui na vizinha Espanha possibilita que muitas viagens sejam feitas de carro, com menor custo e, claro, com a Susana as despesas são a dividir pelas duas, fazemos companhia uma à outra e tudo se torna bem mais agradável e fácil».

A alusão a Susana Ribeiro é importante, porque Leonor Bessa não tem patrocínios. No início ainda pensou em subsidiar a carreira com os honorários de treinadora no Club de Golf de Miramar, que representou como amadora, mas essa experiência durou pouco tempo e, como disse à Tee Times Golf a meio desta época, vive do “paitrocínio”, necessariamente limitado.

Foi também por isso que não pôde jogar tantas vezes quanto desejaria no LETAS, a segunda divisão europeia, à qual já provou várias vezes ter nível para integrar regularmente, mas onde as despesas são superiores: «Joguei apenas três torneios do LETAS por opção, mas também por gestão de dinheiro, porque, para já, não tenho patrocínios e os custos para um ano de torneios ainda são elevados».

Num registo mais pessoal, não em declarações à Tee Times Golf para Record, mas num post publicado na sua conta profissional de Instagram (também tem uma conta pessoal), Leonor Bessa mostrou-se mais emotiva: «Completei este mês um ano de profissional, o meu sonho desde criança e tem sido uma experiência espantosa. Uma jornada desafiadora, repleta de trabalho, mudanças, determinação, feitos, falhanços, investimentos e estou a abraçar tudo a 100%. Aprendi imenso. (…) Agora quero começar 2020 e melhorar cada vez mais. Esta é a vida que quero e aquela que tenho vindo a construir desde pequena. Está feito, vamos lá começar esta nova vida».

O Santander Golf Tour só termina em dezembro, mas com o Campeonato Nacional de Espanha, pelo que, vedado às duas portuguesas que competiram este ano no país vizinho.

Por isso, Leonor Bessa explica: «Este ano não vou competir mais. Vou fazer a minha pré-temporada até janeiro, investir no ginásio e ganhar mais consistência e confiança».

Em janeiro, joga-se o Pre-Qualifying da Escola de Qualificação do Ladies European Tour, a primeira divisão europeia, que, infelizmente, já não virá para Portugal como chegou a estar previsto, indo para Espanha, para os campos Norte e Sul do Real Golf Club La Manga, de 15 a 19, onde também estará Susana Ribeiro, a atual tetracampeã nacional.

Os resultados em 2019 da campeã nacional de 2018 nos dois circuitos internacionais em que participou foram os seguintes, com o destaque para um 4.º lugar em Burgos:

No Ladies European Tour Access Series

Em julho, falhou o cut no Ribeira Sacra Património de la Humanidad International Ladies Open, com 146 pancadas, 6 acima do Par do Augas Santas Balneario & Golf Resort, em Lugo, Espanha, após voltas de 73 e 73.

Ainda em julho, foi 46.ª no Santander Golf Tour / LETAS de Valência, com 227 pancadas, 11 acima do Par do Club de Golf Escorpión, após voltas de 75, 73 e 79, ganhando € 235.03. Houve 108 jogadoras e o torneio contou para ambos os circuitos.

Em agosto, falhou o cut no Bossey Ladies Championship, com 158 pancadas, 16 acima do Par do campo da Association du Golf & Country Club de Bossey, em França, após voltas de 81 e 77.

No Santander Golf Tour

Em março, foi 20.ª (entre 24 jogadoras) no SGT Cáceres, com 166 pancadas, 22 acima do Par do Norba Club de Golf, após voltas de 81 e 85.

Em julho, foi 46.ª (empatada) no Santander Golf Tour / LETAS de Valência, com 227 pancadas, 11 acima do Par do Club de Golf Escorpión, após voltas de 75, 73 e 79, ganhando € 235.03. Houve 108 jogadoras e o torneio contou para ambos os circuitos.

Em outubro, foi 4.ª (entre 21 jogadoras) no SGT Burgos, com 141 pancadas, 3 abaixo do Par do Club de Golf de Lerma, após voltas de 73 e 68. Foi o único torneio em que terminou abaixo do Par.

Ainda em outubro, foi 13.ª (entre 29 jogadoras) no SGT Zaragoza, com 147 pancadas, 3 acima do Par do Real Club de Golf la Peñaza, após voltas de 78 e 69.

Em novembro, num torneio de pares, em que atuou ao lado de Susana Ribeiro, foi 16.ª (entre 21 duplas) no SGT Sevilla, com 150 pancadas, 6 acima do Par do Real Club Sevilla Golf, após voltas de 73 e 77.

Finalmente, esta semana, ainda em novembro, foi 32.ª (entre 54 jogadoras) no SGT Barcelona, com 155 pancadas, 11 acima do Par do campo combinado pelos percursos Bosque e Arriba do Real Club Golf El Prat, após voltas de 78 e 77.

Autor: Hugo Ribeiro / Tee Times Golf

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