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O estudo do Impacto Económico do Golfe em Portugal, recentemente lançado pela Confederação do Turismo de Portugal e pelo CNIG Conselho Nacional da Industria do Golfe, vem reforçar a importância do sector do golfe na economia e sociedade portuguesa.

O estudo do Impacto Económico do Golfe em Portugal, recentemente lançado pela Confederação do Turismo de Portugal e pelo CNIG Conselho Nacional da Industria do Golfe, vem reforçar a importância do sector do golfe na economia e sociedade portuguesa.

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O último estudo realizado neste âmbito referiu-se a 2018 e apontava para um impacto económico do golfe na economia portuguesa de €1.951M, representando 16.639 postos de trabalho, dos quais, cerca de 2.000 eram postos de trabalho directos.

O impacto directo gerado pela prática do golfe na economia portuguesa atingiu, em 2018, os €123M, realizado através das cerca de 2M de voltas de golfe.

Se os números de 2018 já eram, por si, suficientemente claros quanto à importância do golfe para Portugal, os de 2023 demonstram que a aposta no sector deve ser reforçada e que o mesmo deve ser alvo de estratégias concretas por parte do Governo.

Vale a pena lembrar que os anos até 2018 já encerravam em si um certo desgaste dos campos de golfe, que careciam de investimento para manter a oferta aos níveis da expectativa dos praticantes – quer nacionais, quer estrangeiros – sendo que a pandemia da Covid-19 agravou, muito significativamente, esta situação, bem como as limitações impostas pela situação de seca sentida, sobretudo, no Algarve.

Mas, reportando-me, agora, ao estudo de 2023, há a salientar a realização 2.4M de voltas, ou seja, um aumento de 7% entre 2019 e 2023. Convém lembrar que 2019 foi o ano em que todos os recordes de voltas estavam a ser batidos e pensava-se que seria dificil melhorar esse ano.

O sector do golfe representou 2,2% do emprego nacional, considerando o efeito catalisador do golfe, atingindo os 110.000 empregos!

O valor económico do sector do golfe deve considerar o efeito catalisador que o mesmo tem na economia, tal como, entre outros, a hotelaria, restauração ou transportes, sendo que, tudo somado, o impacto do golfe em Portugal ascende aos €4.174M, ou seja, 1,6% do PIB, em 2023.

Entre 2019 e 2023, registou-se um aumento do VAB (Valor Acrescentado Bruto) de 56%, passando dos €2.675M para €4.174M.

Como seria de esperar, é o Algarve que contribui com a maior fatia (84%) da riqueza gerada pela indústria do golfe, que se situou nos €100M. Mas há outras regiões onde o golfe começa hoje a ter um impacto mais significativo, como é o caso da Madeira. Neste arquipélago a riqueza gerada pelo golfe subiu 71%, entre 2019 e 2023, para os €2.8M.

Mas é nas voltas de golfe realizadas que gostaria de me focar. Como seria de esperar, a percentagem de voltas realizadas por sócios no período da pandemia – quando se registou uma redução em cerca de 47% no total de voltas jogadas –  e imediatamente pós-pandemia, foi significativamente mais elevada, registando-se valores acima dos 40% do total de voltas realizadas nos campos de golfe nacionais em 2020 e 2021. E se em 2022 ainda se sentia um peso mais significativo por parte dos sócios (39%), em 2023 já se registaram valores idênticos a 2019, situando-se nos 29%.

Em termos de jogadores nacionais e estrangeiros, registou-se um comportamento idêntico ao dos sócios, tendo os jogadores portugueses representado 26% das voltas jogadas em 2019 e no período da pandemia esse valor subiu para os 46% em 2020 e 42% em 2021. Em 2023 os valores voltaram para os níveis de 2019.

Mas a grande surpresa vai para o top das nacionalidades que jogam nos campos portugueses. Em termos globais, o mercado britânico é o mais relevante, contribuindo com 32,9% das voltas. Mas o segundo lugar é aquele que pode causar mais surpresa – pelo menos a julgar pelas conversas que fui tendo relativamente a este ranking –, com Portugal a fixar-se na segunda posição do Top10, com 24,5% das voltas jogadas em Portugal. Em terceiro vem a Suécia com apenas 6,4%.

Sem surpresas, o Norte de Portugal tem o mercado nacional como dominador, com 80,9% das voltas jogadas nos seus campos e onde as voltas de sócios representaram um acréscimo de 12 p.p. face a 2019, sendo que, em 2023, 77% das voltas foram jogadas por sócios dos clubes.

Na região Centro o mercado nacional é ainda o mais representativo com 28,5% das voltas jogadas na região, seguindo-se o Reino Unido, com 25,4% e a Alemanha, com 7,1%.

Na Área Metropolitana de Lisboa os jogadores portugueses representaram, em 2023, 63,8% das voltas, sendo que os visitantes do Reino Unido representaram 9,2% e os suecos 4,8%.

Pese embora o Alentejo representar apenas 2% das voltas jogadas em Portugal, o mercado nacional volta a ser o principal mercado (62,3%), pese embora ser expectável que esta região venha a ter uma demografia de jogadores muito diferente daquela que foi registada em 2023, fruto da abertura de novos campos de elevada qualidade.

No Algarve não há surpresas nos dois primeiros mercados, sendo que o britânico representa 45,7% das voltas e o sueco 7,6%. Mas o terceiro maior mercado é que poderá ser uma novidade para alguns e, com 7,4%, os portugueses são dos jogadores que mais jogam nos campos do Algarve. Atrás dos portugueses estão mercados tão importantes como a Alemanha ou a Irlanda.

Na Região Autónoma dos Açores o mercado nacional e de sócios é o líder e tem como característica diferenciadora das demais regiões do país o facto de o verão ser a época do ano quando mais se joga.

Na Região Autónoma da Madeira o maior mercado é o dinamarquês, fruto da estratégia desenvolvida no campo do Porto Santo. Este país escandinavo representa 35% das voltas jogadas na região, seguindo-se Portugal com 25,1% das voltas.

No capítulo dos principais mercados de golfe, importa reflectir, cuidada e detalhadamente, acerca do peso dos golfistas portugueses nas operações dos campos de golfe de todo o país. Muito se tem debatido acerca da eventual falta de jogadores em Portugal ou se as regiões que mais dependem do turismo de golfe querem ou não mais jogadores portugueses, mas a verdade é que estamos perante um indicador importante e que não pode, nem deve, ser ignorado.

Começamos a ser um país de golfe e não só um país para golfe.

Concluo, regressando ao impacto económico do golfe em Portugal. A robustez do sector deve-se, maioritariamente, ao esforço titânico da indústria do golfe, que, normalmente isolada, rema contra a maré, muitas vezes imposta pela administração pública – central e local – bem como fruto da ausência de estratégia específica para o golfe.

Questões como o aumento do IVA dos green fees em 2010 foi o primeiro grande balde de água fria para a indústria do golfe. Medida que sempre condenei, sobretudo por se tratar de um producto, fundamentalmente, exportador.

Ao longo dos anos, Portugal foi deixando de acolher grandes eventos de golfe profissionais internacionais, ao ponto de, hoje, existir apenas o Open de Portugal at Royal Óbidos, integrado no Challenge Tour. E se em idos anos acolhíamos duas competições do DP World Tour , competições do Ladies European Tour ou outras tantas competições do Challente Tour ou Senior Tour, hoje temos um vazio quase total em termos da nossa exposição através de grandes eventos.

Portugal foi considerado o melhor destino de golfe do mundo por seis vezes nos World Golf Awards

Portugal é reconhecido pelos seus campos, pela sua gastronomia e vinhos, pelo seu clima e pelo seu povo hospitaleiro.

Portugal tem uma indústria que tem feito tudo o que lhe é possivel para ser sustentável, quer do ponto vista social, como económico e, acima de tudo ambiental.

Portugal tem, hoje, um conjunto de players com solidez financeira para requalificar o desgastado parque de campos de golfe nacional.

Portugal tem profissionais altamente qualificados para fazer face aos desafios e aos requisitos de um mercado cada vez mais exigente e de elevada concorrência.

Mas a indústria e o sector precisam de parceiros fortes que reconheçam no golfe um producto estratégico para a sua economia e uma modalidade desportiva com capacidade de promover campeões e práctica de actividade física à população. Esses parceiros têm de ser o Estado e as autarquias.

Deixo, por isso, alguns temas que merecem ser reflectidos por parte do Estado e autarquias:

  • Organização de grandes eventos desportivos de golfe internacionais, em particular do DP World Tour ou Ladies European Tour;
  • Revisão do IVA aplicado aos green fees, regressando à taxa de 6%;
  • Modelo de financiamento às federações desportivas;
  • Apoio aos eventos internacionais, amadores ou profissionais, que estejam enquadrados no programa de desenvolvimento desportivo da FPG;
  • Apoio à construção de campos públicos espalhados pelo país.

A estabilidade política que se vislumbra encerra em si uma oportunidade para o Golfe em Portugal, saibamos, TODOS, trabalhar em rede e de forma colaborativa para defender o nosso querido golfe com unhas e dentes.

Este é o momento e o golfe português precisa de Portugal!

Miguel Franco de Sousa
Presidente da Federação Portuguesa de Golfe

24 de outubro de 2024

Fotografia © Estela Golf Club

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